segunda-feira, 19 de agosto de 2013

sincopismo.

ah, mundo, esse cercado de eternos retornos. um universo angustiado por ser tão grande e tanto caber em si. um encher e esvaziar, encher e esvaziar, do prato que se come ao tempo que se despedaça diante dos olhos. já passou. morreu o tempo e ai! o desafio do mundo - permitir que se morra de fato, pra que tanta lembrança? pra que tanta experiência, se já não se pode narrar tanto pedaço de existência espalhado no mundo, mesmo lá onde já se morreu? já passou, já virou outro mundo; alguém viu?
ah, mundo, tanto retorno, as imagens tantas vezes repetidas, tantas vezes tão as mesmas - como se não bastasse morrer, nascer também é mera repetição, pra que tanto? pra que tanta variabilidade superficial numa imensa lama de invariabilidade profunda?
e pra que tanto rosto e tanto infinito em cada par de olhos, tanto braço pra construir a evolução e o progresso do que sempre foi, sempre há de ser insuportavelmente igual e tão travestido de outra época, outro contexto, outro corpo, sempre os nossos corações?

Nenhum comentário: