sexta-feira, 3 de agosto de 2007

mas vá!

mas vá saber falar de poesia
e toda a semântica inerente
mas vá saber sentar-se à esquina
e entender aquela gente
(há que se entender a gente pra dizer
e há que se ter o pulso quente
de tanto papel)

mas vá entender a época
e as manifestações daqui dali
vá saber escapar do amor
(ei-lo aqui e que se tente
ai, que se tente!)

e vá saber olhar os campos líricos
sem comoção - mas não se exclua o vício -
que os olhos esperam tudo
menos versos quebradiços
(tantos deles choram
em silêncio e tão sozinhos!)

vá saber criar sentidos
à mesa da cantina
vá saber entender de poesia
vá saber sentar-se à esquina!
(e os versos, já sorrindo -
e em silêncio ainda -, em coro,
pensam:
'mas vá discutir tanto assim
por tanta quuinquilharia!')

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