sexta-feira, 14 de setembro de 2007

villa borghese.

talvez fosse mais confortável ter nada a dizer, mas as cenas obrigam-me a querer dizer, é muita angústia. à frente, por exemplo, a menina acaricia os cabelos desbotados da outra menina. uma voz doce lê a ilíada e ninguém lhe presta atenção. as meninas cochicham e eu penso na sexualidade delas, penso no erotismo do mundo inteiro. quantas ereções descabidas por dia, quantas vaginas em explosão a qualquer hora inconveniente do dia, quantos murros na cara e sinceras paixões nascendo a partir dali? a violência no mundo é assustadora, parecemos viver à eterna sombra de sade - que alma em paz não tem vontade de matar diante de certas visões? vejo agora um braço nojento, cheio de pelos e gordura espalhando-se sobre a mesa, a visão é triste, oleosa, intragável como o gin de george orwell. eu preferia esquecer. preferia pensar na visão que me é mais comovente, um corpo masculino, vestido, perfeitamente coberto, o que é ainda pior, e uma semi-ereção por debaixo das calças, procurando olhares, procurando alcançar olhares, tornando tudo quente, muito quente ao redor, minhas mãos distantes dali. nada como a distância e deus abençoe a sugestão. deus abençoe os pensamentos, desta vez, porque posso escolher não dizê-los. deus abençoe as lembranças, porque me surgem em horas inconvenientes do dia. penso no erotismo do mundo inteiro, tão superior à angústia de se ter alguma coisa a dizer; o erotismo é o espaço de convergência absoluta, todos se entendem por aqui. a sujeira no canto da sala é maior que essa angústia besta. melhor seria calar-me. calar o mundo inteiro. e não ouvir. e não ver. a calma se desfaz aqui.

3 comentários:

Bridezilla disse...

sempre penso nisso... quantas trepadas, quantas punhetas por dia? haha, chega a me dar medo pensar na quantidade, e sei lá, pensar que as pessoas talvez não lavem as mãos.

:x

love ya!

Beck disse...

huauhauhiauhaiuhauhuahuhaiuha.

odeio aperto de mãos.

aqui no trabalho eu fujo sem parar deles.

odeio que toquem em mim também.

e eu fico com o gin do burroughs.

Vitor disse...

Experimenta agora tentar imaginar como é a expressão de cada mulher que vc vê na rua. Cada uma delas, até as que vc considera feias. Engraçado é que, nesse caso, vc pode até descobrir alguma beleza nelas, sabia? Porque foge do padrão, acho. É uma beleza que tá muito mais associada com tesão do que com estética.