quinta-feira, 20 de novembro de 2008

forme française, forme étrangère.

não é o momento de ver a bandeira da frança pela janela da sala de aula. a bandeira da frança no jardim choroso de chuva, de dia entre sete e treze graus, doi quase tanto quanto esta vida que ja não é mais na minha lingua.
e eu penso em todos eles à medida em que escrevo. e eu entendo cada vez menos à medida em que penso em todos eles.
a respeito de reconhecer egoismos, vejo aqui uma enorme, imensuravel pretensão. não ha importância. mais vale reconhecer as tristezas de cada um. e, assim, a condolência. nada mais belo que a condolência. aqui, eu reconheço o inegoismo. et on s'en fiche.
o amor não pode ser algo que mude de acordo com o ambiente. pode mudar com o tempo, que é assustador, cette lucidité violente. o amor, que é a lucidez calma, bendita, mesmo sagrada, não escapa da lucidez do tempo. eu me pergunto o que é mais forte. eu não ouso entender, embora me pergunte qual dos dois é mais forte.
a literatura serve para entender qualquer coisa a respeito do que nos recusamos a entender. e é ai que eu tenho as lembranças mais puras do amor. o aprendizado do amor desde criança, quando eu ouvia que a gente deve fazer o bem a outrem. que a gente deve oferecer a outra face. sobre as historias de sacrificio. sobre a pratica do inegoismo (cette lucidité de l'absurde).
ainda esta tarde, a tristeza era muita e houve uma catastrofe silenciosa. a absoluta falta de solução para a noite ja nascendo no meu peito. e eu pensei em todos eles. não vi aqui amor ou tempo. vazio. como pode uma tarde ser vazia assim?
não existe agua magica que va me transformar em macunaima. eu vou mudar, eu sei que vou mudar, mas não existe magica. o que existe é essa tarde fria, essa tarde que ja acabou e não me fez pensar em amor, embora um amor profundo me venha quando penso nessa tarde.
essas aulas são o amor solitario. os grandes falam, não de amor, mas tão plenos de amor na boca, é so por isso que se fala em literatura, essa tremenda falta de ousadia que é a literatura. et le drapeau du pays ne bouge plus.

6 comentários:

Anônimo disse...

Há algo? Melancolia? Saudade? Não se abata com o tempo! Em todos os sentidos... amanhã SEMPRE será melhor... fiquei aqui, me imaginando em outra língua: não teria essa sua coragem não; mas afinal, qual é a nossa língua? sei lá, talvez seja a do momento presente; o melhor, Aninha, é saber que aqui, na língua natal, existem pessoas que torcem verdadeiramente por você! e que te esperam sob qualquer forma! e que sabem o quão duro deve estar essa mudança! e que, por isso mesmo, tem um valor... um valor que nem dá pra especificar, quantificar ou sei lá o quê!
Saiba, outrossim, que TE AMO! Quando bater aquela vontade de... ah, aquilo que dói dentro do peito, que prende a garganta... liga pra mim! ouvir a voz daquela pessoa que sabemos que nos ama incondicionalmente, nos dá paz! Quero ser a sua paz, porque ACREDITO em você! sei que você dá conta! e um dia você lembrará desses momentos em terras francesas com muito, muito carinho!
Mamãe com saudade...
Celeste

Anônimo disse...

fias, o que acabei aprendendo com a vida é que tudo passa. seja bom, seja ruim, passa.
de um jeito ou de outro, as coisas vão dar certo!
me sinto como você, pois também estou me acostumando com uma vida nova... você entende.
sei que esse tempo de adaptação vai me fazer sentir tristeza, saudade, dor. enfim, vou esgotar tudo que eu puder sentir, pra não ficar uma migalha pra trás.
vai ser difícil, mas passa...

Tânia de Matos Santos disse...
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Daniel Jablonski disse...

os grandes falam, não de amor, mas tão plenos de amor na boca. eu não sei se entendo como deveria, mas como quero entender, por isso talvez me lembra muitas coisas, coisas longe, coisas em outra língua, em outras cidades, em outras conversas, e no fim de tudo isso, mas não acaba aqui, que tem um sujeito de que gosto muito, italiano, Giorgio Agamben, filósofo, que termina um livro dizendo: "a forma como falamos, eis a ética". falar sobre amor é redundar na língua.

Carolina Macedo disse...
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Carolina Macedo disse...

ana, reli o seu texto novamente (pleonasmo necessário).
chorei.

você sabe que eu entendo com conhecimento de causa esse texto. mas você faz parte do seleto grupo de genialidades que dominam sensivelmente a palavra. e você fala tudo que eu sinto, e dói e eu sinto e não sei explicar mas é isso e está aqui. é todo esse seu amor. é todo esse amor na sua boca. é toda essa generosidade e simplicidade de se expor.
com uma lucidité absurde sobre o tempo eu te digo sem medo que isso se perca(posto que agora é chama)que você é uma pessoa para a vida na minha vida e para sempre.