terça-feira, 21 de abril de 2009

de volta. e sem respirar.

sempre que tinha de falar amor, eu falava chorado, eu falava crescendo, mas sem direção, eu falava sentado, imune a qualquer censura, eu olhava adiante, eu sabia que sim, eu cantava de medo, eu acendia a luz, eu esperava passar, eu murrava o chão, meus pés são como facas, eu levantava e corria, eu sabia que sim, eu pensava que a musica era então natural, preparar cha sem leite, como que pra desafiar os costumes, gritar a toda gente, sair de casa e sorrir, sempre que eu tinha de falar de amor, era assim que acontecia, quatro paginas para terminar um livro, a graça e a solidão, eu finalmente estou sozinho, como se fossem so vidas, so vidas e mais as vidas do outro, porque é assim quando se tem de falar de amor, tem o outro, tem o outro até insuportavelmente, e eu não sei dos outros, mas ha aqui os olhos, um par deles, aqueles olhos aos quais obedeço, quando crescem ou quando fecham para dormir, sem verbos reflexivos, dessa vez sem gritos, que o amor é surdo, que o amor é burro, que o amor é doce insulto.

5 comentários:

Daniel Jablonski disse...

mas ha aqui os olhos, um par deles, aqueles olhos aos quais obedeço. ana, mesmo que não tenha lido, você leu o livro que te emprestei. eu sei.

BiBi disse...

la em baixo vc escreveu "sem virgulas, que a vida esta ofegante", mas essas virgulas desse texto nao me deixam respirar, pq fala de amor, pq quer entender, e que nao vai parar de perguntar, pq vive, e viver bem é viver quase sempre sem ar.

vanessa disse...

o amor vicia. o amor é ambíguo, metafórico, irônico, gramatical! a dúvida da infância é mortal: concreto ou abstrato? hoje em dia, sei que isso depende do ponto de vista... você pode estar com o seu amor nos braços, sem saber onde é o limite entre os dois corpos, tendo a certeza de que seu maior desejo é de que aquele momento nunca termine! o amor é realmente o sentimento mais louco que inventaram. e é ótimo que ele tenha vindo sem rótulo, nem bula.
beijosssssss

Mariana Botelho disse...

segui rastros o dia inteiro (é feio dizer isso enquanto eu deveria estar trabalhando), mas fui chegando em lugares que dá vontade de sentar à sombra de uma crase...

:)

Carolina Macedo disse...

lindo!